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Matriz BCG e a classificação de produtos no ramo de alimentos: entenda

Escrito por Caroline Stein | 03/01/24 11:09

Criada nos anos 60, a Matriz BCG ainda é um recurso plenamente aplicável nos dias de hoje. Bastante utilizada por gestores de empresas de grande ou pequeno porte, essa metodologia tem como principal objetivo relacionar a geração de lucro do produto final à necessidade de investimentos na linha de produção.

Não à toa, a Matriz BCG se tornou uma grande aliada dos gestores do ramo alimentício, pois facilita a realocação assertiva dos recursos orçamentários para impulsionar os resultados do negócio.

Será que meu produto está vendendo bem? Os consumidores se identificam com a marca? Eles estão satisfeitos com o produto que entregamos? Essas são algumas perguntas que uma Matriz BCG ajuda a responder. Continue a leitura e entenda como montar a sua.

 

O que é a Matriz BCG?

A Matriz BCG é uma metodologia de análise de lucratividade desenvolvida pelo Boston Consulting Group, por isso o nome “BCG”. O responsável pela criação desse método foi Bruce Henderson. A intenção desse gestor era, principalmente, favorecer o equilíbrio entre os fluxos de caixa da empresa.

Para tanto, era necessário considerar as necessidades de investimento de cada tipo de produto na linha de produção. Isso seria feito identificando-se as taxas de faturamento de determinado produto. Aqueles com perspectiva de alto crescimento, necessitam assim de maior injeção de capital.

Do mesmo modo, aquela linha de negócios que não está trazendo os resultados previstos poderia ser desativada sem “peso na consciência”, ou seja, com a clareza de que o setor estava consumindo recursos em demasia sem trazer o retorno esperado.

 

Como a Matriz BCG ajuda os gestores comerciais da indústria alimentícia? 4 vantagens

A aplicação da Matriz BCG está diretamente relacionada ao crescimento de um negócio. A ideia principal é identificar as possibilidades de melhoria e, ao mesmo tempo, corrigir gargalos para realocar com mais assertividade o orçamento da empresa. Listamos 4 vantagens imediatas do uso da Matriz BCG.

 

1. Identificação de oportunidades e desafios

Como vimos, o grande objetivo da Matriz BCG é proporcionar aos gestores um panorama completo do desempenho dos produtos e serviços da empresa. Sabemos que as oscilações econômicas do mercado exigem atenção aos desafios e oportunidades que surgem dia após dia.

Nesse sentido, a Matriz BCG permite se preparar melhor para driblar determinados desafios, de modo a manter o produto ou serviço competitivo no mercado. Da mesma maneira, os gestores poderão ter insights sobre onde vale mais a pena direcionar os investimentos.

 

2. Facilita as tomadas de decisão

Considerando-se a aplicação da Matriz BCG no setor alimentício, vamos supor o seguinte: um supermercado tem um catálogo com cerca de mil produtos. Acompanhar o desempenho individual de cada um deles pode ser bastante desafiador, especialmente no que diz respeito à centralização dessas informações e análise de indicadores.

Quando as equipes trabalham com a Matriz BCG, essa classificação fica mais didática e assertiva, pois os produtos terão uma representação visual mais criteriosa. Assim, todos os dados relativos ao desempenho de cada item constarão na tabela, proporcionando uma análise mais ágil e confiável. 

 

3. Ajuda a encontrar possíveis não-conformidades

Centralizar a classificação dos produtos na Matriz BCG também é importantíssimo do ponto de vista do Controle de Qualidade. Afinal, quando os dados estão bem apresentados, fica mais fácil encontrar e tratar possíveis não-conformidades

 

4. Favorece a alocação de recursos de maneira assertiva

 Esse tópico tem muito a ver com o que dissemos anteriormente sobre a tomada de decisão. Isso porque, a partir da Matriz BCG, os gestores conseguem ter uma visão mais clara, concreta e confiável quanto ao desempenho de cada produto. Assim, a distribuição dos recursos (orçamentários ou de pessoal) fica mais assertiva, enquanto os processos operacionais ganham mais fluidez.

Falando em processos operacionais, quer saber como o Big Supermercados conseguiu reduzir em mais de 80% o tempo das rotinas de inspeção? Confira este case de sucesso e entenda como a tecnologia otimizou a rotina dos colaboradores da rede!

 

Como montar uma Matriz BCG 

Agora que você já sabe o que é Matriz BCG e quais as vantagens desse método para a sua gestão, vamos ao passo a passo básico para aplicá-lo no setor de alimentos.

 

1. Faça uma lista com os produtos para analisar

Para começar, tenha em mente que a matriz é estruturada sobre dois blocos, onde um deles (eixo vertical) representa a taxa de crescimento do mercado e o outro (eixo horizontal) representa o desempenho do seu produto.

Ou seja, o eixo horizontal indica qual é a sua participação relativa no segmento. Esse índice é calculado a partir da divisão da participação da sua empresa no mercado pela participação do seu concorrente direto.

Após fazer essa estruturação básica, é hora de começar a compor a matriz. Defina então quais produtos e/ou serviços da sua empresa você pretende avaliar. O ideal é criar essa lista conforme a ordem crescente do volume de vendas, pois isso já trará uma perspectiva mais evidente da sua performance.

 

2. Preencha a tabela com todos os produtos

A matriz BCG deverá conter quatro células que indicam as combinações possíveis entre participação e crescimento do seu produto no mercado, configuradas da seguinte forma: 

  • “Vaca leiteira”: produtos de alta lucratividade e que não demandam investimentos elevados;
  • “Estrela”: produtos de alta lucratividade, mas que demandam grandes investimentos de fabricação, por exemplo;
  • “Interrogação”: produtos que ainda não têm boa lucratividade, mas que são potenciais, embora demandem alto investimento para isso;
  • “Abacaxi”: produtos com baixa representatividade e que demandam muito investimento, isto é, contribuem pouco para os lucros da empresa.

 

3. Sinalize no gráfico os índices de desempenho

Utilize as linhas-guias do gráfico para sinalizar o desempenho dos produtos da sua lista. No bloco vertical, sinalize o crescimento do mercado. No bloco horizontal, sinalize o índice de participação do seu produto. Em seguida, analise na linha conjunta os resultados da participação relativa de cada um dos itens no segmento.

Vamos a um exemplo prático: se determinado produto performa para R$100 mil em vendas em um mês, enquanto o concorrente direto performa para R$200 mil em um mesmo intervalo de tempo, quer dizer que seu produto tem participação relativa de 0,5 no mercado, isto é, metade do índice da concorrência.

 

4. Avalie a categorização dos produtos e alinhe sua estratégia

Agora que você já tem os quadrantes com a classificação dos produtos (as quatro células que citamos acima) e os índices de participação de cada um deles, é hora de olhar friamente para essa categorização e organizar sua estratégia.

Quanto aos produtos da célula de “interrogação”, por exemplo, será que vale a pena realocar investimentos para crescer nesse nicho? A mesma lógica deve ser pensada para os abacaxis, que supostamente já indicam produtos em baixa e que devem ser abandonados o quanto antes.

Em linhas gerais, podemos dizer que a definição da estratégia após a análise da Matriz BCG inclui os seguintes aspectos:

  • Construção: investimento consciente nas “interrogações” para conquistar aquele determinado nicho de mercado;
  • Manutenção: manter as “vacas leiteiras” para que continuem gerando lucro e contribuindo para o mantimento da empresa;
  • Colheita: avaliação do fluxo de caixa das “interrogações”, “vacas leiteiras” e “abacaxis” para identificar possibilidades de realocação inteligente de recursos;
  • Abandono: abandono dos abacaxis antes que comecem a agravar o quadro financeiro do negócio.

 

Dicas para aplicação da Matriz BCG no segmento de alimentação

A seguir, listamos mais dicas para explorar ao máximo os benefícios da Matriz BCG no setor alimentício.

 

Use outras metodologias auxiliares

Outras metodologias podem ser grandes aliadas na aplicação da Matriz BCG, como a Matriz GUT, que ajuda a definir as prioridades ou a Matriz de Risco, que facilita o acompanhamento dos riscos e perigos da operação.

Isso consequentemente favorece o processo de classificação dos produtos, permitindo identificar com clareza aqueles que tendem a ter maior lucratividade.

 

Identifique qual grupo de produtos vale a pena apostar

Como vimos no tópico anterior, é preciso manter o padrão de qualidade dos produtos que rendem bem para o negócio sem demandarem grandes investimentos, já que eles são as “vacas leiteiras” da Matriz BCG.

Mas lembre-se de que os produtos que carecem de investimentos para se tornarem mais atrativos também devem ser priorizados. Afinal, eles podem representar boas oportunidades de “colheita”, desde que o orçamento seja bem realocado.

 

Invista na tecnologia 

Reforçamos a importância de contar com suporte tecnológico na montagem e aplicação da Matriz BCG. As ferramentas digitais dão ainda mais agilidade e confiabilidade ao processo de classificação dos produtos dentro das células da matriz.

Além disso, estamos falando de um setor que lida com um vasto catálogo de itens. Portanto, investir em tecnologia é essencial para ganhar tempo ao centralizar e estruturar as informações relacionadas a cada grupo de produtos.

Outra tarefa bem importante na rotina dos gestores comerciais do ramo da indústria alimentícia é a gestão de fornecedores. Manter um registro completo e atualizado sobre as entregas dos parceiros otimiza muito o dia a dia das operações internas. Afinal, cultivar boas parcerias favorece o controle de qualidade.

Quer entender como fazer isso na prática? Baixe nosso guia completo de gestão de fornecedores na indústria de alimentos