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Boas práticas para gestão de resíduos na indústria alimentícia

A gestão de resíduos é um tema cada vez mais relevante no setor alimentício. Em primeiro lugar porque há normas e legislações que exigem medidas e ações efetivas. Segundo, existem muitas organizações dispostas a transformar o cenário de descarte e promover soluções assertivas para este desafio.

Um exemplo é a rede McDonald 's que inaugurou uma unidade focada na sustentabilidade. Segundo reportagem publicada no Estadão, o quiosque de sobremesas externo foi idealizado com 450 kg de lixo reciclado. Além disso, a loja conta com lixeiras educativas, que otimizam a separação do lixo para melhorar o reaproveitamento.

Ambas as medidas estão relacionadas às diretrizes da gestão de resíduos que envolvem o uso de matérias-primas recicladas e o tratamento e destinação adequada do lixo. A atuação das indústrias alimentícias nesse contexto é ainda mais relevante, considerando a capacidade de produção, e consequentemente, de desperdício. 

A previsão da International Solid Waste Association (ISWA), em estudo divulgado pela CNN, é que a geração mundial de lixo chegará a 3,4 bilhões de toneladas, por ano, até 2050. Trata-se de um aumento de 70% em comparação a 2016. Portanto, torna-se imprescindível que todas as esferas responsáveis atuem em prol de uma mudança.

No caso da indústria alimentícia, a gestão de resíduos é um elemento essencial para uma produção mais eficiente e com menos impactos ambientais, além de fortalecer a imagem corporativa. A seguir, saiba mais sobre boas práticas desse processo!

 

Gestão de resíduos na indústria: impactos positivos na operação

A gestão de resíduos na indústria é uma prática que visa controlar, reduzir e otimizar o destino dos materiais descartados durante os processos produtivos. Muito além da simples coleta e descarte, o gerenciamento envolve estratégias para minimizar os impactos ambientais, economizar recursos e fortalecer a responsabilidade social corporativa.

Ao adotar práticas eficientes de gestão de resíduos, as indústrias atendem aos requisitos legais, mas também colhem uma série de benefícios operacionais. Entre eles podemos citar a redução de custos, a melhoria da eficiência operacional e a construção de uma imagem corporativa mais sustentável.

 

Boas práticas de gestão de resíduos na indústria

Veja a seguir algumas medidas para implementar: 

 

1. Classificação e segregação de resíduos

Em primeiro lugar, é preciso implementar um sistema eficiente de classificação e segregação de resíduos. Isso facilita o tratamento específico de cada tipo, maximizando as oportunidades de reciclagem e minimizando o desperdício.

Os resíduos são categorizados com base em suas características, como:

  • Recicláveis: materiais que podem ser reciclados, como papel, plástico, vidro e metal;
  • Orgânicos: materiais biodegradáveis, como restos de alimentos e resíduos de jardim;
  • Perigosos: substâncias que apresentam riscos à saúde humana ou ao meio ambiente, como produtos químicos tóxicos;
  • Não recicláveis: materiais que não podem ser reciclados facilmente.

Entre as ações para colocar em prática estão o treinamento regular dos funcionários sobre a correta segregação de resíduos, instalação de lixeiras identificadas e disponibilização de informações claras sobre o descarte apropriado. 

 

2. Otimização dos processos produtivos

É importante implementar práticas de produção enxuta para reduzir o desperdício de matérias-primas, ingredientes e produtos acabados.  Esse conjunto de atividades é essencial para redução dos resíduos ao mesmo tempo em que contribui para a eficiência operacional. 

Nesse cenário, também é interessante alinhar com fornecedores para reduzir possíveis embalagens desnecessárias no envio dos produtos. Com relação aos consumidores, é importante incentivar práticas sustentáveis, como a devolução de embalagens reutilizáveis e divulgação de informações sobre gestão de resíduos. 

 

3. Programas de reciclagem e reaproveitamento

A implementação de programas de reciclagem e reaproveitamento na indústria alimentícia são fundamentais para uma gestão de resíduos eficiente, alinhada com práticas sustentáveis. É válido analisar quais medidas serão eficazes no seu segmento de atuação. 

Um exemplo são os sistemas de compostagem para processar resíduos orgânicos, como restos de alimentos e aparas de vegetais. O composto resultante pode ser usado em jardins ou doado para agricultores locais.

Além disso, é possível identificar subprodutos que possam ser reaproveitados na cadeia produtiva ou transformados em novos produtos, como cascas de frutas e vegetais, que podem ser utilizados na produção de sucos, compotas ou geleias, ou até mesmo o soro do leite, amplamente utilizado na indústria de suplementos alimentares.

Outra possibilidade é obter parcerias com empresas de reciclagem para garantir que os resíduos gerados sejam recolhidos e processados de maneira adequada. Também pode ser útil implementar sistemas de reutilização de água para reduzir o consumo de água potável e minimizar os resíduos líquidos.

 

4. Engajamento das equipes nas práticas sustentáveis

Para que as boas práticas tenham bons resultados, a participação dos colaboradores é essencial. Daí surge a dúvida: como fazer para que se engajem ativamente nas ações? Uma boa alternativa é criar programas de incentivo e recompensa para quem contribuir com as medidas. 

Isso pode incluir prêmios, reconhecimento público ou benefícios tangíveis para esforços individuais e coletivos. Mas também é necessário estabelecer as regras e deixar claro como as ações serão mensuradas.

Esteja aberto a sugestões e feedback dos funcionários para que o engajamento seja fluido. Assim, fica mais fácil realizar adaptação contínua das práticas sustentáveis com base nas necessidades e ideias da equipe.

 

5. Monitoramento e avaliação constantes

A gestão de resíduos precisa ser monitorada para garantir o cumprimento de todas as práticas a partir da criação de indicadores de desempenho. Exemplos incluem a quantidade total de resíduos gerados, a taxa de reciclagem, a redução de resíduos perigosos, entre outros.

As formas de avaliar vão depender do seu planejamento, mas algumas ações são:

  • Realizar auditorias internas periódicas para analisar a conformidade dos procedimentos;
  • Solicitar feedback dos funcionários envolvidos nas práticas;
  • Atualizar as políticas e procedimentos de gestão de resíduos conforme necessário;
  • Apostar em sistemas automatizados para coleta de dados e relatórios.

 

Gestão da água 

É importante notar que a gestão de resíduos não se limita apenas ao lixo. A indústria alimentícia geralmente consome grandes volumes de água em várias etapas do processo de produção e é essencial que haja a implementação de práticas de conservação.

De acordo com matéria publicada pela Forbes, algumas indústrias já apostam em medidas inovadoras como a extração de água de fontes alternativas como o ar ou subprodutos de frutas. Além do desperdício de água, a medida também reduz o desperdício de alimentos.

Um exemplo é da empresa Fairmont Marina Bay, em Singapura, que preservou impressionantes 1,7 milhão de litros de água em 2022 ao  usar máquinas de lavar louças especiais em áreas de alta demanda. Neste sentido, uma gestão responsável envolve a otimização do consumo e reuso da água sempre que possível.

 

Gestão de poluentes químicos

Entre as medidas necessárias para esta gestão na indústria alimentícia estão as avaliações de riscos para identificar e quantificar os poluentes químicos, utilizados nos processos de produção.

Resíduos químicos devem ser tratados adequadamente antes do descarte. Isso pode envolver processos de neutralização, separação e tratamentos específicos para evitar danos ambientais. 

Além disso, cabe implementar e aderir estritamente às Boas Práticas de Fabricação, que incluem o controle adequado de matérias-primas, o uso seguro de produtos químicos e a prevenção de contaminação cruzada.

Baixe o infográfico: ESG no setor agroalimentar

 

Regulamentações importantes sobre a gestão de resíduos industriais 

A Lei Nº 12.305/2010 é uma das principais regulamentações sobre o tema. Conhecida como Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS),  estabelece princípios, objetivos, instrumentos e diretrizes para a gestão integrada e o gerenciamento adequado de resíduos sólidos. 

A PNRS é um marco regulatório que busca promover a redução, reutilização, reciclagem e destinação final ambientalmente adequada dos resíduos. Outra legislação importante é a Política Nacional de Saneamento Básico - a Lei 11.445/2007, que estabelece as diretrizes para o setor no Brasil.

Embora não seja exclusivamente voltada para a gestão de resíduos industriais, essa legislação desempenha um papel crucial ao definir os princípios e objetivos para a prestação dos serviços públicos de saneamento básico, que incluem o manejo adequado dos resíduos sólidos urbanos. 

A lei promove a universalização do acesso aos serviços de água potável, esgotamento sanitário, limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos, visando a melhoria da qualidade de vida da população e a preservação do meio ambiente.

Por fim, outra regulamentação para se ressaltar é a Lei 9.605/1998, conhecida como Lei de Crimes Ambientais. Trata-se de legislação fundamental no contexto da gestão de resíduos industriais. 

Esta lei estabelece as penalidades e as sanções criminais aplicáveis a atividades que causem danos ao meio ambiente, incluindo a disposição inadequada e o manejo incorreto de resíduos. 

Assim, as empresas que não cumprem as normas para a gestão de seus resíduos podem enfrentar penalidades severas, como multas e até mesmo medidas restritivas em relação às suas atividades. 

A Lei de Crimes Ambientais desempenha um papel importante, incentivando o mercado a adotar práticas sustentáveis e responsáveis na gestão de seus resíduos industriais.

Confira: Passo a passo para padronização de processos na indústria

 

Tecnologias sustentáveis e gestão de resíduos na indústria

Existem diversas tecnologias sustentáveis que podem ser aplicadas na gestão de resíduos. Um exemplo é o uso de sistemas inteligentes de coleta e rastreamento, habilitados por sensores, dispositivos IoT e aplicativos. 

Essas ferramentas permitem o monitoramento em tempo real do volume de lixo em contêineres, otimizando as rotas de coleta com base na demanda e gerando uma gestão mais eficiente.

Outra inovação relevante são os equipamentos de triagem automatizada, como as esteiras com sensores ópticos. Elas agilizam a triagem de materiais recicláveis, aumentando a taxa de recuperação desses resíduos e reduzindo a quantidade enviada para aterros sanitários. 

A aplicação de softwares de gestão também é uma medida eficaz nesse cenário. Isso porque há soluções que permitem otimizar as rotinas internas, facilitar a verificação das práticas de redução de resíduos e acompanhar relatórios para decisões mais precisas.

Como vimos, há muito o que se implementar para garantir uma gestão de resíduos eficiente. Continue se informando sobre o assunto: Baixe agora o Manual Completo sobre como organizar os registros de qualidade na indústria de alimentos!